domingo, 16 de outubro de 2011

Monólogo de Agosto

 
Vejo na face de algumas pessoas a confusão do que ouviram e nem sabem o que dizem por que já esqueceram o que Sócrates e as suas três peneiras diziam. Ninguém ouviu ninguém dizer: eu vi. Apenas concordam que ouviram dizer. O anônimo torna-se o coadjuvante da história e pobre daquele que for o protagonista. Devo me entregar a toda essa ignorância? Não.

Enquanto escrevo vou fingir que meu cotidiano esta normal. Um novo capítulo começa sem mudar nada de como era o capitulo anterior. Lá fora esta um verdadeiro caos, mas não preciso que me entendam, vou selar minha boca para não ouvir mais nada. Interpretem minha vida como quiser.

Sinto-me coagida com toda a situação, ainda mais por estar sozinha num território que não é meu. Vou sorrir com um certo constrangimento para sentir a calma ainda que vazia e sem alegrias. Estou carente como uma criança que se desespera ao achar que esta sozinha e choro com facilidade.

Tenho prazer em ser mulher, mulher feminina, mulher que quer amar e ser amada. Mesmo que nada de tudo tenha me assustado até que se complete a metamorfose que procurei, mesmo que eu morra sozinha não mentirei e nem direi a verdade mais a ninguém. Talvez enfim eu esteja me descobrindo, tudo era vazio e vazio ainda esta.

Jamais imaginei o peso de uma reputação, muitos olhos vigiam a minha vida e tomo consciência disso. Ah, impossível saber como será e talvez meu novo modo não faça sentido, posso continuar perdida com as minhas verdades incompreensíveis. Mas tentei!

Desordenei as coisas porque perdi o que não precisava, mas perdi alguma coisa que me era essencial, uma bússola bem pequena do tamanho da palma da minha mão ou do tamanho do meu coração que agora esta desprotegido.

Serei covarde, porque não tenho coragem e meu tripé parece instável, por isso eu sonho antes de adormecer e procuro escolher o que quero sonhar, sonhar com aquilo que não posso ter, sonambulando pelas noites com meus pensamentos desnorteados.

Preciso caber no sistema, caminhar com minhas próprias pernas e devo ser o oposto da minha serenidade com doces ironias dos que dizem ter a alma formada, uma alma perfeita, sem erros, uma alma que é isenta de paixão. Forcei-me a lembrar que eu tinha a responsabilidade de saber disso. E no momento em que tive nas mãos o verdadeiro peso, eu tive medo.

Esse esforço em escrever facilita um pouco, nunca saberei entender, mas há de haver quem um dia entenda. Até este dia chegar eu vou ficando com a pele opaca e cada dia me sentindo mais e mais envelhecida. Mas aliviava por ter seguido a honestidade, porque acredito na felicidade e acredito que vivemos fases para conhecermos um outro mundo, uma outra maneira de pensar e talvez mudar sem o medo de simplesmente existir.
 
Paty Magu

Nenhum comentário: